YVONNE DO AMARAL PEREIRA
UMA HEROÍNA SILENCIOSA
OS GRANDES MÉDIUNS PSICÓGRAFOS
OS GRANDES GIGANTES DO ESPIRITISMO
(1900 - 1984)
Biografia
de Yvonne do Amaral Pereira:
Yvonne
do Amaral Pereira nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das
Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã. O pai, um pequeno
negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira. Teve
cinco irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.
Aos
29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a
deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos
muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência
terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse
estado.
O
médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado.
A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O
caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma
sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse
definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a
criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi
cancelado e a vida seguiu seu curso normal.
O
pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência
por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mais tarde,
tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em
1935.
O
lar sempre foi pobre o modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado
social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo se alheou das
vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta
dos pais teve influência capital no futuro comportamento da médium. Era comum
albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.
Aos
4 anos já se comunicava audiovisualmente com os espíritos, aos quais considerava
pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O
espírito Charles, a quem considerava pai terreno real, devido a lembranças vivas
de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal. Charles, o
espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade
mediúnica.
O
espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX
era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha
ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar. Mais tarde, na vida
adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos
evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin
e outras.
Aos
8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial.
Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito,
foi parar ante uma imagem do "Senhor dos Passos", na igreja que frequentava.
Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as
seguintes palavras: "Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para
suportar os sofrimentos que te esperam", aceitou a mão que lhe era estendida,
subiu os degraus e não lembra de mais nada.
De
fato, Yvonne Pereira foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa
saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e
que lembrava cm extraordinária clareza. Considerava seus familiares,
principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava,
eram totalmente estranhas.
Para
ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses
sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com
que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares. Por esse
motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó
paterna.
O
seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita.
Aos 12, o pai deu-lhe de presente "O Evangelho segundo o Espiritismo" e o "Livro
dos Espíritos", que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura
repetida, um bálsamo nas horas difíceis. Aos 13 anos começou a frequentar as
sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos
comunicantes.
Teve
como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer
outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o
estudo e a leitura.
Desde
cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura,
bordado, rendas, flores, etc. A educação patriarcal que recebeu, fez com que
vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e
recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e
triste.
Como
já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena,
através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua
vida a partir dos 16 anos. A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos
romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no
mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador.
A
sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafo e receitista
(Homeopatia) assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de
Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. Praticou a
mediunidade de incorporação e passista.
Possuía
mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de
materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica.
Os
trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os de
desdobramento, incorporação e receituário. Como foi dito, através do
desdobramento noturno que Yvonne Pereira navegava através do mundo espiritual,
amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os
quais hoje nos deleitamos.
Como
médium psicofônico, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados, e
suicidas, aos quais devotava um carinho especial, sendo que muitos deles
tornaram-se espíritos amigos.
No
receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas de várias
cidades em que morou durante os 54 anos de atividade. Foi uma médium
independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros
exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a "Igreja do Alto" e com ela
exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos
sofredores.
Foi
uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão,
através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no
Brasil, quanto no exterior. Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa
leitura. Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Goethe,
Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e
outros. Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram
perdidos.
Deixou
um legado de extraordinárias obras:
Memórias
de um suicida (1954), Nas telas do infinito (1955), Amor e ódio (1956), A
tragédia de Santa Maria (1957), Nas voragens do pecado (1960), Ressurreição e
vida (1963), Devassando o invisível (1964), Dramas da obsessão (1964),
Recordações da mediunidade (1966), O drama da Bretanha (1973), Sublimação
(1973), O cavaleiro de Numiers (1975), Cânticos do coração – v. I e II (1994), À
luz do Consolador (1997), Um caso de reencarnação (2000).
Nos
primeiros dias de março do ano de 1984, Yvonne afirmara que não valeria a pena o
trabalho de colocação de um marcapasso. Contudo, submeteu-se à cirurgia de
emergência, à qual não resistiu, desencarnando. Retornou assim, ao Mundo
Espiritual, uma das mais respeitáveis médiuns do Movimento Espírita Brasileiro,
Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março daquele ano, após um
longo período de atividades na causa espírita.
Fonte:
Jornal Macaé Espírita - Nº 289/290 - Janeiro e Fevereiro de 2000
Prefácio da obra:
Yvonne do Amaral Pereira
Memórias de um Suicida
Devo estas páginas à caridade de eminente habitante do
mundo espiritual, ao qual me sinto ligada por um sentimento de gratidão que
pressinto se estenderá além da vida presente. Não fora a amorosa solicitude
desse laboroso representante da Doutrina dos Espíritos – que prometeu, nas
páginas fulgurantes dos volumes que deixou na Terra sobre filosofia espírita,
acudir ao apelo de todo coração sincero que recorresse ao seu auxílio com o
intuito de progredir, uma vez passado ele para o plano invisível e caso a
condescendência dos Céus tanto lho permitisse.
E se perderiam apontamentos que, desde o ano de 1926,
isto é, desde os dias da minha juventude e os albores da mediunidade, que juntos
floresceram em minha vida, penosamente eu vinha obtendo de Espíritos de
suicidas que voluntariamente acorriam às reuniões do antigo "Centro Espírita de
Lavras", na cidade do mesmo nome, no extremo sul do Estado de Minas Gerais, e
de cuja diretoria fiz parte durante algum tempo.
Refiro-me a Léon Denis, o grande apóstolo do
Espiritismo, tão admirado pelos adeptos da magna filosofia, e a quem tenho os
melhores motivos para atribuir as intuições advindas para a compilação e redação
da presente obra.
Durante cerca de vinte anos tive a felicidade de sentir
a atenção de tão nobre entidade do mundo espiritual piedosamente voltada para
mim, inspirando-me um dia, aconselhando-me em outro, enxugando-me
as lágrimas nos momentos decisivos em que renúncias dolorosas se impuseram como
resgates indispensáveis ao levantamento de minha consciência, engolfada ainda no
opróbrio das consequências de um suicídio em existência pregressa.
E durante vinte anos convivi, por assim dizer, com esse
Irmão venerável cujas lições povoaram minha alma de consolações e esperanças,
cujos conselhos procurei sempre pôr em prática, e que hoje como nunca, quando a
existência já declina para o seu ocaso, fala-me mais ternamente ainda, no
segredo do recinto humílimo onde estas linhas são escritas!
Dentre os numerosos Espíritos de suicidas com quem
mantive intercâmbio através das faculdades mediúnicas de que disponho, um se
destacou pela assiduidade e simpatia com que sempre me honrou, e,
principalmente, pelo nome glorioso que deixou na literatura em língua
portuguesa, pois tratava-se de romancista fecundo e talentoso, senhor de
cultura tão vasta que até hoje de mim mesma indago a razão por que me
distinguiria com tanta afeição se, obscura, trazendo bagagem intelectual
reduzidíssima, somente possuía para oferecer ao seu peregrino saber, como
instrumentação, o coração respeitoso e a firmeza na aceitação da Doutrina,
porquanto, por aquele tempo, nem mesmo cultura doutrinária eficiente eu
possuía!
Chamar-lhe-emos nestas páginas – Camilo
Cândido Botelho, contrariando, todavia, seus próprios desejos de ser mencionado
com a verdadeira identidade. Esse nobre Espírito, a quem poderosas correntes
afetivas espirituais me ligavam, frequentemente se tornava visível, satisfeito
por se sentir bem querido e aceito. Até o ano de 1926, porém, só muito
superficialmente ouvira falar em seu nome. Não lhe conhecia sequer a bagagem
literária, copiosa e erudita.
Não obstante, veio ele a descobrir-me em uma mesa
de sessão experimental, realizada na fazenda do Coronel Cristiano José de Souza,
antigo presidente do "Centro Espírita de Lavras", dando-me então a sua
primeira mensagem.
Daí em diante, ora em sessões normalmente organizadas,
ora em reuniões íntimas, levadas a efeito em domicílios particulares, ou no
silêncio do meu aposento, altas horas da noite, dava-me apontamentos,
noticiário periódico, escrito ou verbal, ensaios literários, verdadeira
reportagem relativa a casos de suicídio e suas tristes consequências no
Além-Túmulo, na época verdadeiramente atordoadores para min. Porém, muito
mais frequentemente, arrebatavam-me, ele e outros amigos e protetores
espirituais, do cárcere corpóreo, a fim de, por essa forma cômoda e eficiente,
ampliar ditados e experiências.
Então, meu Espírito alçava ao convívio do mundo
invisível e as mensagens já não eram escritas, mas narradas, mostradas, exibidas
à minha faculdade mediúnica para que, ao despertar, maior facilidade eu
encontrasse para compreender aquele que, por mercê inestimável do Céu, me
pudesse auxiliar a descreve-las, pois eu não era escritora para o fazer por
mim mesma!
Estas páginas, portanto, rigorosamente, não foram
psicografadas, pois eu via e ouvia nitidamente as cenas aqui descritas,
observava as personagens, os locais, com clareza e certeza absolutas, como se os
visitasse e a tudo estivesse presente e não como se apenas obtivesse notícias
através de simples narrativas. Descreviam-se uma personagem ou alguma paisagem,
a configuração do exposto se definia imediatamente, à proporção que a palavra
fulgurante de Camilo, ou a onda vibratória do seu pensamento, as
criavam.
Foi mesmo por essa forma essencialmente poética,
maravilhosa, que obtive a longa série de ensaios literários fornecidos pelos
habitantes do Invisível e até agora mantidos no segredo das gesuetas, e não
psicograficamente.
Da psicografia os Espíritos que me assistiam apenas se
utilizavam para os serviços de receituário e pequenas mensagens instrutivas
referentes ao ambiente em que trabalhávamos. E posso mesmo dizer que foi graças
a esse estranho convívio com os Espíritos que me advieram as únicas horas de
felicidade e alegria que desfrutei neste mundo, como a resistência para os
testemunhos que fui chamada a apresentar à frente da Grande Lei!
No entanto, as referidas mensagens e os apontamentos
feitos ao despertar, eram bastante vagos, não apresentando nem a feição
romântica nem as conclusões doutrinárias que, depois, para eles criou o seu
compilador, por lhes desejar aplicar meio suave de expor verdades amargas, mas
necessárias no momento que vivemos. Perguntar-se-á por que o próprio
Camilo não o fez... Pois teria, certamente, capacidade para tanto.
Responderei que, até o momento em que estas linhas vão
sendo traçadas, ignoro-o tanto como qualquer outra pessoa! Jamais perquiri,
aliás, dos Espíritos a razão de tal acontecimento. De outro lado, durante cerca
de quatro anos vime na impossibilidade de manter intercâmbio normal com os
Espíritos, por motivos independentes de minha vontade. E quando as barreiras
existentes foram arredadas do meu caminho, o autor das mensagens só acudiu aos
meus reiterados apelos a fim de participar sua próxima volta à existência
planetária.
Encontrei-me então em situação difícil para
redigir o trabalho, dando feição doutrinária e educativa às revelações
concedidas ao meu Espírito durante o sono magnético, as quais eu sabia desejarem
as nobres entidades assistentes fossem transmitidas à coletividade, pois eu não
era escritora, não me sobrando capacidade para, por mim mesma, tentar a
experiência.
Relegueios, portanto, ao esquecimento de uma
gaveta de secretária e orei, suplicando auxilio e inspiração. Orei, porém,
durante oito anos, diariamente, sentindo no coração o ardor de uma chama viva de
intuição segredando-me aguardasse o futuro, não destruindo os antigos
manuscritos. Até que, há cerca de um ano, recebi instruções a fim de prosseguir,
pois ser-me-ia concedida a necessária assistência!
Prosseguindo, porém, direi que tenho as mais fortes
razões para afirmar que a palavra dos Espíritos é cena viva e criadora, real,
perfeita! Em sendo também uma vibração do pensamento capaz de manter, pela ação
da vontade, o que desejar!
Durante cerca de trinta anos tenho penetrado de algum
modo os mistérios do mundo invisível, e não foi outra coisa o que lá percebi. É
de notar, todavia, que, ao despertar, a lembrança somente me acompanhava quando
os assistentes me autorizavam a recordar! Na maioria das vezes em que me foram
facultados estes voos, apenas permaneceu a impressão do acontecido, a íntima
certeza de que convivera por instantes com os Espíritos, mas não a
lembrança.
Os mais insignificantes detalhes poderão ser notados
quando um Espírito iluminado ou apenas esclarecido "falar", como, por exemplo –
uma camada de pó sobre um móvel; um esvoaçar de brisa agitando um cortinado; um
véu, um laço de fita gracioso, mesmo com o brilho da seda, no vestuário
feminino; o estrelejar das chamas na lareira e até o perfume, pois tudo isso
tive ocasião de observar na palavra mágica de Camilo, de Victor Hugo, de Charles
e até do apóstolo do Espiritismo no Brasil – Bezerra de Menezes, a quem desde o
berço fui habituada a venerar, por meus pais.
Certa vez em que Camilo descrevia uma tarde de inverno
rigoroso em Portugal, juntamente com um interior aquecido por lareira bem acesa,
senti invadir-me tal sensação de frio que tiritei, buscando as chamas para
aquecer-me, enquanto, satisfeito com a experiência, ele se punha a rir...
Aliás, o fenômeno não será certamente novo. Não foi por outra forma que João
Evangelista obteve os ditados para o seu Apocalipse e que os profetas da Judéia
receberam as revelações com que instruíam o povo.
No Apocalipse, versículos 10 e 11 e seguintes, do
primeiro capítulo, o eminente servo do Senhor positiva o fenômeno a que
aludimos, em pequenas palavras: "Eu fui arrebatado em Espírito, um dia de
domingo, e ouvi por detrás de mim uma grande voz como de trombeta, que dizia:
O que vês, escreve-o em um livro e enviam às sete igrejas..." –
etc., etc.; e todo o importante volume foi narrado ao apóstolo assim, através de
cenas reais, palpitantes, vivas, em visões detalhadas e precisas!
O Espiritismo tem amplamente tratado de todos esses
interessantes casos para que não se torne causa de admiração o que vimos
expondo; e no primeiro capitulo da magistral obra de Allan Kardec – "A Gênese" –
existe este tópico, certamente muito conhecido dos estudantes da Doutrina dos
Espíritos: "As instruções (dos Espíritos) podem ser transmitidas por diversos
meios: pela simples inspiração, pela audição da palavra, pela visibilidade dos
Espíritos instrutores, nas visões e aparições, quer em sonho quer em estado de
vigília, do que há muitos exemplos no Evangelho, na Bíblia e nos livros sagrados
de todos os povos."
Longe de mim a veleidade de me colocar em plano
equivalente ao daquele missionário acima citado, isto é, João Evangelista. Pelas
dificuldades com que lutei a fim de compor este volume, patenteadas ficaram ao
meu raciocínio as bagagens de inferioridades que me deprimem o
Espírito.
O discípulo amado, porém, que, em sendo um missionário
escolhido, era também modesto pescador, teve sem dúvida o seu assistente
espiritual para poder descrever as belas páginas aureoladas de ciência e
ensinamentos outros, de valor incontestável, os quais romperiam os séculos
glorificando a Verdade! É bem provável que o próprio Mestre fosse aquele
assistente...
Não posso ajuizar quanto aos méritos desta
obra.
Proibi-me, durante muito tempo, leva-la ao
conhecimento alheio, reconhecendo-me incapaz de analisa-la. Não me
sinto sequer à altura de rejeita-la, como não ouso também aceita-la.
Vós o fareis por mim. De uma coisa, porém, estou bem certa: é que estas
páginas foram elaboradas, do princípio ao fim, com o máximo respeito à Doutrina
dos Espíritos e sob a invocação sincera do nome sacrossanto do
Altíssimo.
Yvonne do Amaral Pereira
Rio de Janeiro, 18 de maio de 1954
Luz na Mente » Revista on line de Artigos Espíritas (Suicídio - Uma fuga sem norte, sem sentido, sem
razão)
A Luz na Mente » Revista on line de Artigos Espíritas (O suicídio é a negação absoluta da lei do
amor)
957. Quais são, em geral, as consequências do suicídio
sobre o estado do Espírito?
— As consequências do suicídio são as mais diversas.
Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às
causas que o produziram. Mas uma consequência a que o suicida não pode escapar é
o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das
circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova
existência, que será pior que aquela cujo curso
interromperam.
Comentário de Kardec: A observação mostra, com efeito,
que as consequências do suicídio não são sempre as mesmas. Há, porém, as que são
comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca
da vida.
É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz
do laço que liga o Espírito e o corpo, porque esse laço está quase sempre em
todo o seu vigor no momento em que foi rompido, enquanto na morte natural se
enfraquece gradualmente e em geral até mesmo se desata antes da extinção
completa da vida. As consequências desse estado de coisas são a prolongação da
perturbação espírita, seguida da ilusão que, durante um tempo mais ou menos
longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos. (Ver
itens 155 e 165.)
A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo
produz, em alguns suicidas. uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre
o Espírito, que, assim, ressente, malgrado seu, os efeitos da decomposição,
experimentando uma sensação cheia de angústia e horror. Esse estado pode
persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida.
Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida não se livra das
consequências de sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia essa falta, de
uma ou de outra maneira.
É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito
infelizes na Terra, disseram haver se suicidado na existência precedente e
estar voluntariamente submetidos a novas provas, tentando suportá-las com mais
resignação. Em alguns, é uma espécie de apego à matéria, da qual procuram
inutilmente desembaraçar-se para se dirigirem a mundos melhores, mas cujo
acesso lhes é interditado. Na maioria, é o remorso de haverem feito uma coisa
inútil, da qual só provam decepções.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o
suicídio como contrário à lei natural. Todas nos dizem, em princípio, que não
se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Mas por que não se terá
esse direito?
Por que não se é livre de pôr um termo aos próprios
sofrimentos?
Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo
exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é apenas uma falta como infração
a uma moral, consideração que pouco importa para certos indivíduos, mas um ato
estúpido, pois que nada ganha quem o pratica e até pelo contrário. Não é pela
teoria que ele nos ensina isso, mas pêlos próprios fatos que coloca sob os
nossos olhos.
Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" - Parte Quarta -
Das Esperanças e Consolações - Cap. I - Desgosto Pela Vida -
Suicídio
RELAÇÃO
DE OBRAS PARA DOWNLOAD
Allan
Kardec - O Céu e o Inferno (Obra de Allan Kardec - "O Céu e o Inferno" - Segunda
Parte - Suicidas - Cap. V)
(O
Céu e o Inferno: a justiça divina segundo o Espiritismo — "exame comparado das
doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, sobre as
penalidades e recompensas futuras, sobre os anjos e demônios, sobre as penas,
etc; seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e
depois da morte.)Download (PDF)
Allan
Kardec - O Livro dos Espíritos (Obra de Allan Kardec - "O Livro dos Espíritos" -
Parte Quarta - Das Esperanças e Consolações - Cap. I - Desgosto Pela Vida -
Suicídio)
(O
Livro dos Espíritos: princípios da doutrina espírita — "sobre a imortalidade da
alma , a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a
vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade – segundo os ensinos dados
por espíritos superiores com o concurso de diversos
médiuns".) Download (PDF)
Fonte: Site Autores Espíritas Clássicos